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sexta-feira, 21 de julho de 2023

Segredos do mar



Os teus lábios de mel

São doces como o mar,

São as estrelas,

São as estrelas e o luar,

São a alfazema,

São o poema,

São a tristeza,

São a alegria

Que brinca, no ar,

 

Os teus lábios de mel

São os silêncios do mar,

São a canção de embalar,

São o foguetão em direcção à lua,

Para depois,

Regressar,

 

Os teus lábios de mel

São os segredos do mar,

São o avião,

São o barco…

São a mão…

Na mão de afagar,

Da mão,

Na mão de sonhar,

 

Os teus lábios de mel

São o esconderijo do mar,

Quando se esconde da multidão…

E a multidão…

Se esconde do mar,

Dos teus lábios de mel…

Doces como o mar,

Uma estrela…

Uma estrelas não se cansa de brilhar.

 

 

 

21/07/2023

Francisco

Cartas

 Antigamente escrevia cartas, hoje, escrevo silêncios.

Sempre quis ser artista; a minha mãe talvez acreditasse que eu um dia fosse estilista, pois passava tardes inteiras, em Luanda, a desenhar e a costurar vestidos para um parvalhão de um boneco, que ainda hoje desconheço a razão de o ter baptizado com o nome de chapelhudo, e sendo eu contra os nomes das coisas e das pessoas, pergunto-me

Porquê?

Porquê chapelhudo…

Não o sei.

Como deixei de saber tanta coisas,

A tarde fugia, e eu corria e conseguia apanhá-la junto à capelinha, metia-a no bolso, e sorria, e foi aí que aprendi a desenhar.

Antigamente escrevia cartas, hoje, hoje queimo cartas e lanço-as ao vento, e o vento as leva para o mar.

O meu pai nunca duvidou que eu um dia viesse a ser artista, e não se enganou, de arte em arte, fui artista maior da parvoíce e estupidez, graças a Deus e à insistência da minha mãe com ele, cá estou eu,

Noutras artes.

Antigamente escrevia cartas, hoje, procuro a tarde que fugia e eu corria, corria…

E agarrava-a junto à capelinha.

E voavam, voavam,

Como silêncios envenenados.

Quase fui trapezista, sim, trapezista, não fosse a minha paixão pela cachopa trapezista, e que queria que eu a acompanhasse de terra em terra, num qualquer circo ambulante,

Não fosse essa minha paixão, desfalecer, quando olhei para o céu,

E ela,

Ela voava, voava…

E pensei,

E voa, e voa…

E prefiro ser poeta.

Antigamente escrevia cartas, hoje, hoje pinto trapezistas nas telas, desenhos os papagaios que a minha mãe me ensinou, escrevo, escrevo para o vento, e para o mar.

Antigamente escrevia cartas, hoje, hoje não escrevo cartas, mas sinto raiva, das cartas escritas.

Antigamente escrevia cartas, hoje, hoje conto as cartas que escrevi.

 

 

 

21/07/2023