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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

As pálpebras do poema


Não sabia que o teu nome
era apenas um nome
uma solitária palavra
sem alma
sem coração
sem... sem barcos ao anoitecer,

não sabia que o teu nome
era apenas um nome
sem corpo
sem sombra...

não sabia que o teu nome
era apenas um silêncio
sem imagens
sons
ou... ou fotografias
em constante mutação,

não sabia
não sabia que o teu nome
era apenas uma assombração
uma cidade esquelética voando no pôr-do-sol,

(Não sabia que o teu nome
era apenas um nome
uma solitária palavra)

como as pálpebras do poema antes de ser o poema,

não sabia que o teu nome
era apenas um nome
um soluço mastigado nas sílabas do Diabo...
não sabia
que... que o teu nome
é como a areia húmida
e o mar apaga todos os seus desenhos
como a morte... apaga todos os seus corpos...



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2014

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

coxas de orvalho

foto de : A&M ART and Photos

sinto-me pincelado com pedaços de solidão
e do meu corpo-tela uma fina imagem encosta-se aos filamentos incandescentes de uma lâmpada de halogéneo
não sou eterno
amado
sou um electrão mergulhado no espelho do nada
sifilítico magala apodrecido na doce paixão das árvores do silêncio
sinto-me uma locomotiva denunciando carris e curvas de nível
sinto-me um bufo engolindo sombras que a noite magoa depois do sexo alimentar a tua boca de sofrimento que as rosas poisaram em ti entes de acordar a poesia
sinto-me um vadio inconfortável
ignorante como pequenas conversas de tic-tac
nos alicerces das mãos de cereja que o papel amarrotado embrulha entes da morte
sinto-me um cadáver profanado
mal-vestido
sinto-me um jardim sem nome procurando as estrelas de cartão
sinto-me um barco fundeado no teu púbis de areia
quando os petroleiros da desgraça se fazem à costa pedinchando pequenas folhas de plátano
embebidas em cerveja de lata
sinto-me sobre ti ficticiamente falando como quando éramos dois bancos de jardim
em busca de ripas em madeira
e madeixas coloridas dos triângulos embriagados
sinto-me um falhado diplomado
um triste vagabundo sentado
nas tuas coxas de orvalho...


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 15 de Novembro de 2013

terça-feira, 29 de outubro de 2013

movediças areias

foto de: A&M ART and Photos

movediças areias tuas manhãs cansadas em mim
orvalhos siderais colados na língua do Outono
migalhas dele nas mãos do inferno
o invisível mergulhado das travessias inconstantes das flores empastelares
pareço um viúvo de fotografia ao peito
com suspensórios de tristeza acorrentados à solidão das noites indolores
movediças areias
as tuas coxas
as tuas ideias
os teus pérfidos seios de porcelana no clandestino horário que vive nos meus pulsos de aço
procuras abraços
e eu... ofereço-te palavras sem nexo
desejos vãos
carícias por correspondência a cobrar no destinatário
pareço um viúvo embebido nos arbustos da partida
cândidos odores que provocas nas praças diurnas da cidade dos beijos
transeunte esqueleto sem vida
na minha vida
os lábios dilacerados em pedaços de papel de embrulho
movediças areias
as tuas lágrimas lunares em madrugadas de cio
e lambedoras orgias estrelares
sobre a ponte fina e escura
do cemitério da poesia


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 29 de Outubro de 2013