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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Equação do esquecimento


Uma equação morre no quadriculado papel da insónia,

Tenho parábolas entranhadas no peito,

Acaricio o foco…

Abraço a directriz,

Aos poucos sinto os traços do amor entre lágrimas de giz

E pedacinhos de ausência,

As curvas planas deambulam sobre o meu cabelo,

Oiço o ranger da madrugada

Na algibeira de um ardina,

As palavras… voam em direcção ao mar,

Uma cigana lê-me a sina…

Coitada… coitada da geometria

Cravada no silêncio da vida,

Coitada da cigana… embrulhada na sombra de uma triste avenida,

Coitado de mim…

Esquecido numa seara de incenso,

Penso,

Não penso,

Sinto em ti o difícil sorriso caindo do alto da montanha,

Ela, a cigana, corre, corre… e ninguém a apanha,

Estou farto da poesia,

E dos sonhos encastrados aos rochedos do medo,

O sono fugiu de mim,

Partiu para outro continente…

Não me levou,

E fiquei só,

Com esta equação no quadriculado papel da insónia…

Vivo,

Respiro,

E fumo… e fumo noites de agonia.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 19 de Agosto de 2015

domingo, 14 de dezembro de 2014

A estátua do medo


(desenho de Francisco Luís Fontinha)


Sinto as tuas finíssimas lâminas de agonia
sobre os meus ombros de xisto
tenho nos versos a enxada do silêncio
e no peito a espada do cansaço
sinto as tuas lágrimas de estanho
descendo a calçada
como uma fotografia
morta
rasgada
e a noite constrói-se no teu cabelo
sempre que um relógio engasgado
adormece no pulso da insónia,
não existem imagens nas minhas mãos
tenho medo da cidade depois de se erguer a madrugada
sinto as tuas finíssimas lâminas de agonia
sinto as tuas lágrimas de estanho
nesta triste parede embriagada
pelo medo
pelo tédio...
morta
rasgada
uma algibeira sem nome
perdida na estrada
sem nome... esquecida na perpétua estátua da liberdade.




Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 14 de Dezembro de 2014