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domingo, 9 de setembro de 2018

As palavras do amor


Das janelas não se viam as transeuntes folhas caducas,

A rua imunda, suja, recheada de sombras invisíveis,

E um corpo putrefacto mergulha na minha mão…

Que faço eu com ele?

Alimento-o,

Enterro-o…

Ou escrevo nele a minha raiva.

As espadas da saudade, cravadas no peito húmido do esqueleto de vidro,

As pedras perfurantes alicerçadas nos lábios do abismo,

Sinto-me tudo isto, ao adormecer…

Sem perceber as palavras do amor.

 

 

Francisco Luís Fontinha

09-09-2018

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Alienado coração de gelo

foto de: A&M ART and Photos

O absorto corpo teu imaginado pela louca espuma do mar,
há no silêncio pardas palavras e sons melódicos, ou tristes... há no silêncio os poéticos sonhos da ejaculação precoce,
o absorto corpo que mergulha na minha mão, não existe, não chora... e não grita,
o silêncio reparte-se sobre as pedras calçadas do abismo...
e o salário do poeta bebe-se nas almofadas coloridas que as nocturnas noites deixam sobre a pele...,
sei,
o absorver-te enquanto uma varanda balança na tempestade madrugada que da boca saciada acorda quando os electrões da cidade correm em direcção aos rochedos teus abraços,
sei, agora..., sei que as tuas janelas são tão frágeis como as finas folhas em papel onde invento desenhos sem palavras, as descoloridas manhãs, os cortinados doentes que deixam o sorriso do Sol atravessar a negrume sílaba da canção da saudade,
sei que te queixas do alienado coração de gelo,
das nuvens com olhos envernizados,
dos tapumes que não te deixam observar o meu corpo... o absorto corpo teu imaginado pela louca espuma do mar...


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2014