Não sei em que penso
Se penso
Não sei se deveria pensar
Ou não pensar,
Pensando
Fumando,
Ou amar.
Não sei em que penso
Se penso
Pensando que não penso,
Pensando no meu sofrer,
Sofrendo,
E não o ser,
Sendo.
05/02/2024
Não sei em que penso
Se penso
Não sei se deveria pensar
Ou não pensar,
Pensando
Fumando,
Ou amar.
Não sei em que penso
Se penso
Pensando que não penso,
Pensando no meu sofrer,
Sofrendo,
E não o ser,
Sendo.
05/02/2024
Tua
Deslumbrante rio
Do Ujo se vê a tua mão
A brincar com um fio
Quando a lua
É uma canção
Quando a lua é um pavio
Sobre o silêncio azeite
Tua
Deslumbrante rio
Tão branco como o leite
E tão belo como uma árvore em cio
29/01/2024
O poeta é um fotógrafo de palavras,
Um fotógrafo,
É um poeta de imagens,
E eu,
Sou um pássaro que voa sobre o mar…
04/01/2024
Verde são estes olhos de
dormir
Enquanto há palavras na
fogueira,
Verde são os poemas de
amar,
São as lágrimas de
chorar;
Verde são as noites sem
dormir,
São as noites junto à
ribeira…
Verde são as ondas do mar
Que brincam na lareira.
Verde é a solidão
Sob o tórrido silêncio de
escrever,
Verde é a palavra
envenenada
Que tento adormecer na
alvorada.
Verde sentido só possível
neste coração…
Verde as nuvens do
entardecer,
Que escondem socalcos enxada,
Como se o universo fosse
morrer,
Como se o universo fosse
verde aldeia.
Verde cansaço madrugar,
Que escondo no Ujo luar,
Verde que sofre, verde das
almas roubadas,
Verde alegre das lágrimas
semeadas.
Verde são os olhos de
chorar,
Verde são os versos das
janelas arrombadas
Na casa verde, na casa
poema de sonhar.
Alijó, 20/06/2022
Francisco Luís Fontinha
Quando
a cidade se despede do pó e,
Uma
nuvem de silêncio acorda no Vale do Tua,
A
cidade morre; como morreram todas as pedras da cidade.
A
terra adormece na insónia sombra da manhã,
O
rio corre entre rochas e suspiros,
Como
dois amantes,
Antes
de nascer o Sol.
Ai
senhores, tão nobre beleza!
Deitar-me
enroscado ao cobertor de cinzas,
Da
poeira morna do meu velho cigarro,
Erguer-me
e, lentamente, aconchegar o meu estômago ao pobre silêncio granítico da alma.
A
mesma cidade de há pouco,
Despenteada,
de barba enrugada, caminha lentamente nas margens do Tua,
A
alma veste o veneno mais belo da montanha,
Como
uma criança,
Deitada
na esperança.
Sonha
o homem,
Sonha
a mulher,
Sonham
todos os pássaros do Ujo…
Até
que um relógio de sombra,
Se
senta na minha mão.
A
invisível parede de vidro,
O
fumo agreste do néon silêncio,
O
barco em papel, o poema escrito no barco em papel…
Como
todas as palavras das margens deste rio.
Oh
Tua!
Mensagens
cíclicas em nome de Deus,
Beleza
do teu prazer,
Quando
a cidade se despede do pó e, todos os Céus –
São
motivos para escrever.
Francisco
Luís Fontinha, Alijó – 02/01/2021