As palavras envenenadas
Dançam sobre a floresta
Dos olhos cansados.
O poema nasce
Depois da noite se
abraçar à ribeira,
O poema cresce,
Enforca-se nas páginas de
um livro.
Os poemas são os olhos,
As palavras são a
espingarda da madrugada,
As palavras envenenadas,
Que dançam sobre a
floresta,
Nos olhos assassinados,
Nos olhos da madrugada.
As palavras morrem,
As palavras crescem,
A espingarda que dispara
palavras,
Dentro da alvorada.
Estas palavras
assassinas,
Nestas tardes de
canseira,
As palavras disparadas,
Contra a lua
desgovernada.
As palavras de mim,
Nas rochas amorfas da
solidão…
Quando as palavras se
enforcam.
Alijó, 04/03/2022
Francisco Luís Fontinha