sábado, 9 de outubro de 2021

As palavras do desejo

 

Era um sábado invejoso

Solitário

E sem nome.

Sob mim

Tinha as escondidas palavras do desejo

Que inseminaram a noite obscura

De uma sexta-feira

Ingénua.

Havia uma canção

Que sobrevoava os seios da tempestade,

Onde um pedaço de literatura

Chorava a saudade.

Sorria em pleno desejo;

Escrevia no tecto do silêncio

Os poemas perdidos,

Longínquos

E

Desajeitados.

Morria de sono.

Equações de luz

Jaziam sobre a cama de sémen

Da mulher desejada,

Porque lá fora,

A água dos pássaros

Pertencia à noite em construção.

Ama o corpo

Das abelhas

E do púbis em flor…

Nunca esqueças o teu nome,

Desejo,

Silêncio

E pedaços de mar

E amor.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 09/10/2021