quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Equações de prazer

 

Calculo a raiz quadrada

Do desejo,

Obtenho a paixão,

Multiplico-a pela derivada

Do beijo,

Subtraio os versos da minha mão;

E, meu Deus,

Sem o saber,

Obtenho uma canção.

Entre calcular

E escrever,

Prefiro o pintar,

Prefiro acariciar a tua pele de equação tangente

À curva do teu corpo,

Sabendo que toda a gente,

Sabe desenhar;

E ela, sem o perceber,

Sente,

Sente o mar a correr.

Sente nos lábios o beijo,

Depois de verificar

Que a integral da insónia

É apenas a área sombreada do púbis,

Elevado ao quadrado,

Seno da luz amar

Que brinca dentro de um trapézio.

Escrevo no pavimento térreo

Das tuas coxas,

O eterno sonífero das manhãs ensonadas.

Passo as madrugadas

Inventando equações de prazer,

Quando desce do luar,

Sob o tecto do silêncio,

Pequenas quadriculas de saliva,

Correm para o mar.

E, enquanto oiço os teus gemidos,

Vejo um ponto esquecido no espaço tridimensional;

(seios;-beijos,coxas)

Eis as suas coordenadas.

Cerro os olhos,

Desligo os electrões que iluminam o meu cansaço…

E,

Percebo que és uma equação diferencial ordinária.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó. 30/09/2021

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

São canções são beijo São sexo são bruma

 

Todos os nomes

São sombras de néon

Sobre a praia da saudade.

Todas as palavras que me escrevem

Pertencem aos teus lábios

De maré adormecida.

Todos os versos,

Esses,

São a voz rouca do meu esqueleto sem nome,

Aquele que pertence à pequena equação de areia,

Junto às dunas da insónia.

Dos gemidos da tua boca

Emerge até à montanha

Um finíssimo fio de sémen,

Raízes,

Árvores caducas

Que se escondem na neblina;

Pertenço, assim, aos cubos e triângulos

Das esplanadas da loucura,

Sempre que acorda o dia.

Todos os nomes

São sombras de néon

Sobre a praia da saudade,

São pedras de desejo,

Rios de espuma.

São canções são beijo

São sexo são bruma.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 29/09/2021

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Canção desejada

 

Este silêncio de morrer

Que habita em mim

São palavras de escrever

São cravos do meu jardim.

 

São palavras de escrever

Na sombra do luar

Que iluminam esta cidade a arder

Esta cidade de amar.

 

Este silêncio de morrer

Dos teus seios em fúria madrugar

No verso de viver,

 

No verso de minha amada.

Estas palavras de amar

São as palavras da canção desejada.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 27/09/2021