sábado, 19 de setembro de 2020

Das palavras

 

As palavras, meu amor,

São sonhos infinitos do meu jardim,

São lágrimas,

São sombras,

Nas palavras, o teu beijo,

Das palavras, sorrisos de mim.

Ai estas palavras, as que escondo e não te escrevo,

As palavras em segredo,

Quando na montanha, essas palavras,

Gritam com medo.

Há palavras azuis,

Palavras transparentes,

Há palavras embrulhadas no vento,

Palavras simples,

Honestas, palavras com sofrimento.

As palavras, meu amor,

São rosas em papel,

São luar,

São abstractos abraços,

São a preia-mar.

As palavras, meu amor,

São dardos envenenados pelo silêncio,

Que no peito, das palavras,

Incendeiam os teus olhos.

As palavras, estas,

São cartas entre palavras,

São canção,

Jangadas,

São as palavras, todas,

Nas palavras rejeitadas.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó, 19/09/2020