Durante
a noite, sem horários dentro de mim, atravesso as portas enferrujadas do
Inferno.
Visto-me
de negro,
Assalto
as janelas da escuridão,
Antes
de acordar o Sol.
É
tarde.
O
sono brinca no silêncio das fechaduras da insónia,
Os
primeiros transeuntes, também eles, vestidos de negro,
Avançam
em minha direcção;
Tenho
medo, mãe!
Não
sei se vou acordar, hoje, porque sinto-me envergonhado, por estar vestido de
negro.
As
pirâmides, que assombram o meu pensamento, dançam sobre um rio desenhado na
minha mão,
Trago
as pedras, e sou capaz de apedrejar esta maldita solidão, que abraça os
musseques da minha infância.
Uma
multidão em revolta, vem para mim,
Não
sou capaz de correr, saltar, descer os socalcos que me separam do dia;
Ai
os dias, ai os dias!
São
todos iguais.
São
dias, pedacinhos de quadricula numa folha de papel, que alguém apelidou de
calendário.
Andam
rápido. Caminham como serpentes, quando o Sol aquece a presa, o manjar
prometido por Deus.
Morre-se,
morrer-me como quem fuma um cigarro envenenado pela tempestade,
No
sacrifício dos dias.
Durante
a noite, fumo.
Bebo
pequenas gotículas do tão falado vénedo, mato os pássaros, e fica em mim a
saudade,
Simplesmente,
às vezes, entram em mim as carruagens que trazem os pequenos blocos de granito,
Folhas
de silício, almofadas para uma noite doente, sempre que oiço os gonzos da madrugada.
Durmo.
Esqueço
a saudade.
E,
prometo acordar cedo.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
19/01/2020
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