Um
beijo que o silêncio madrugada
Afaga
na escuridão da ausência,
As
silabas estonteantes do sono
Que
adormecem nas velhas esplanadas junto aos rochedos,
Vive-se
acreditando na miséria do sonho
Quando
lá fora, uma árvore se despede da manhã,
Um
beijo simples,
Simplificado
livro na mão de uma criança,
Um
beijo,
No
desejo,
Sempre
que a alvorada se aprisiona às metáforas da paixão,
Sinto,
Sinto
este peso obscuro no meu coração,
Sinto
o alimento supérfluo da memória
Quando
as ardósias do amanhecer acordam junto ao rio…
E
na fogueira,
Debaixo
das mangueiras…
Os
teus lábios me acorrentam ao cacimbo,
Sou
um esqueleto tríptico,
Um
ausente sem memória nas montanhas do adeus,
Um
beijo que o silêncio madrugada
Afaga
na escuridão da ausência,
A
uniformidade das palavras
Que
escrevo na tua boca,
Sempre
que nasce o sol
Sempre
que acordam as nuvens dos teus seios…
E
um barco se afunda nas tuas coxas,
Oiço
o mar,
Oiço
os teus gemidos na noite de Lisboa…
Sem
perceber que és construída em papel navegante…
Que
embrulham os livros da aflição,
Um
beijo, meu amor,
Um
beijo em silêncio
Galgando
os socalcos da insónia…
Vivo,
Vive-se…
Encostado
a uma parede de vidro
Como
leguminosas no prato do cárcere…
Alimento
desperdiçado por mim.
Desamo.
Fujo.
Alcanço
o inalcançado…
E
morro.
Francisco
Luís Fontinha
18/03/17