Não consigo abrir esta sangrenta janela,
A luz morre nos teus braços,
Será este o meu último olhar?
Será esta a minha última janela?
Não consigo olhar-te,
Não sou capaz de adormecer no teu cansaço,
Tenho medo do teu sono,
Tenho medo da noite vestida de morte,
Pareces o mar em sonolência dor,
Sem sorte,
Sem abraço,
Mendigo sem nome,
Mendigo sem vida,
No sofrimento,
Em movimento…
Na viagem sem regresso.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 4 de Julho de 2015
sábado, 4 de julho de 2015
terça-feira, 30 de junho de 2015
Caixão da pedreira
Este
ruído constante nas minhas veias,
Sinto
no peito os socalcos embrulhados pelo xisto do cansado anoitecer,
É
escuro, sempre, em mim,
Habito
neste cubículo de sombra,
Sem
janelas para o mar,
Sem
porta para os teus lábios,
Amanhã,
não sei se vou ver os barcos da madrugada,
Não
sei se amanhã há madrugada,
Não
sei se amanhã há barcos,
Vento,
Silêncio
para me esconder…
Ou
palavras para semear em ti,
Um
aquário de paixão termina a viagem,
Não
traz bagagem,
Recordações,
Fotografias…
Nada,
Os
cigarros misturados na tempestade,
Nunca
sei quando são cigarros,
Nunca
sei quando é tempestade,
Nada,
Nada
quero desta cidade.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira,
30 de Junho de 2015
segunda-feira, 29 de junho de 2015
O túmulo…
Sonhei
com o meu túmulo,
Vi
uma lápide embrulhada nas tuas lágrimas,
Recordei
os entrelaçados dedos de Primavera
Nas
arcadas magoadas do vento,
Não
sabia que existiam nos teus lábios,
Poemas,
Amor,
Desejo
vestido de paixão,
Mergulhava
no teu corpo,
Transformava-me
em espada,
Atingia-te
o coração,
Encerrava-o,
Tinha-o
em mim como se fosse a minha sombra,
Ténue,
Tão
magra como as fotografias envergonhadas,
Não
o sabia,
Vi,
Crescia,
Mentia…
Nunca
te amei,
Apenas
sentia o que via…
E
nada via,
Sonhei
com o meu túmulo,
Estava
enfeitado com o pôr-do-sol,
Mergulhava,
E
mentia…
Que
te amava,
Nunca
amei ninguém,
Amo
as pedras
E
as palmeiras da minha terra,
Amo
as palavras do teu olhar,
Depois
da partida do último comboio…
O
mar,
Dentro
do teu coração,
Um
amontoado de ossos brincando com a poeira madrugada,
O
meu corpo em cio,
Deitado
ao teu lado,
E
mais nada.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira,
29 de Junho de 2015
domingo, 28 de junho de 2015
O amor…
O
amor é um gajo abstracto,
Obscuro,
Transacto,
O
amor é um gajo sem alma,
Cansado
de mim,
Vestido
de noite,
Vestido
de ninguém,
Só…
só neste jardim,
Tínhamos
nos lábios o salgado mar da paixão,
Dizias-me
que era preciso acreditar,
Ter
fé,
Esperança,
Não
acredito,
Não
tenho esperança…
E
odeio a fé,
Sou
um esqueleto de chumbo,
Uma
palavra acorrentada ao poço da solidão,
Tínhamos
nos lábios
A
cidade dentro da bagagem,
No
espelho sentia-te entre películas de água
E
algas em suicídio,
Esqueci-me
de ti…
Como
me esqueço de todas as coisas belas,
Claro
que tu não eras uma “coisa”,
Eras
poesia caminhando em frente ao Tejo,
Tínhamos
todas as estrelas do céu,
Davas-me
a mão,
Ficava
cego,
Sem
nome,
Sem
endereço…
E
acreditava,
Tu
mandavas,
E
eu,
Eu
acreditava,
E
me afogava no teu corpo…
Hoje
sou um cadáver envergonhado na noite,
Uma
âncora de desejo mergulhado nas pálpebras do infinito,
Sou
uma recta,
Um
círculo,
Um
triângulo…
Sou
um hipercubo suado na madrugada,
Sou
lonca geometria,
Na
amada,
Na
amada mestria,
Abro
a boca e silencio-te com a minha língua,
Roubo-te
a alma,
E
fujo para os teus braços…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
28 de Junho de 2015
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