(desenho de
Francisco Luís Fontinha)
Não
tenho tempo para te amar, meu amor, flutuo nas ombreiras madrugadas
travestido de dor, navego no teu corpo como um transeunte mendigo,
sem-abrigo, poeta insignificante das palavras sem nome, e navego
Amanhã
vou chorar,
E
navego no teu corpo esculpido...
E na
solidão do abrigo, as espátulas da insónia, o sexo embriagado, os
teus seios crismados na fogueira da mendicidade,
Hoje?
Hoje
vou amar-te, prometo, meu amor...
Tínhamos
na algibeira o fio invisível, a luz o desejo
Amanhã?
De
penetrar em ti como uma agulha de aço, um poema clandestino das
ruas
de Lisboa,
Amanhã?
O
sol, a noite, o teu ventre pergaminho saboreando os meus dedos, e
amanhã?
Tínhamos,
Na
algibeira os candeeiros da saudades,
Os
beijos,
A
geometria do teu olhar inseminado na madrugada, os beijos fluem como
amêndoas de chocolate em brasa...
O
teu corpo,
Os
teus lábios...
(…)
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Sábado,
24 de Janeiro de2015