Sentia-me
aconchegado nos teus braços,
regressava a noite
ao teu olhar,
e percebia que no
meu corpo habitavam beijos de insónia,
lençóis de
porcelana entranhavam-se nas tuas pálpebras de luar,
sentia-me
envergonhado,
triste...
sentia-me
aconchegado,
como se tu fosses um
cobertor recheado de poesia,
Um livro não lido,
uma folha esquecida
sob a mesa-de-cabeceira,
uma ribeira,
Sentia-me
aconchegado nos teus braços,
adormecia,
e... e sonhava,
ouvia,
ouvia os pássaros,
escrevia,
escrevia nas tuas
coxas as palavras proibidas,
as palavras...
sentidas,
Um livro não lido,
uma folha esquecida
sob a mesa-de-cabeceira,
uma ribeira,
O mar,
o mar quando se
escondia nos teus seios de Primavera,
acordava o
marinheiro sem pátria,
havia uma bandeira,
uma... uma casa que
voava,
sentia-me
aconchegado... nos teus braços,
os alicerces de uma
cidade inventada,
em papel, uma casa
do tamanho dos teus lábios...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sábado, 24 de Maio
de 2014