sábado, 13 de julho de 2013

Sesini ve dudaklarınızı dayandırarak ediyorum ...

fotoğraf,A&M ART and photos

*
Sesini duyduğum dayandırarak ediyorum
size asla sözlerin bana deli gibi aşık
hiç okumak
veya okumak için planı ...
Ben özlem metaforik uçuruma karşı gidiyorum
zaman göğüs bir hançer sessizlik sopa ...
göğüs çiçek ... şimdiye kadar benim parmak söndürülür
uyumak için bir fırça olarak ... kirli su bir kavanoza daldırma
korku döner
açık sabah çizimler
ağzınıza yemek
Bilmiyorum ...
Eğer öptü asla
sizin öpüşme gibi hissetmiyorum ...
kuş öpücük neden
sabah kasvet üzerinde martılar ve hayaletler kum ...
*
Sesini dayandırarak ediyorum
ve dudaklar ...
*
Ne kadar okumak

Okumayı düşünmüyoruz
yazmak
ya da gece siyah giymiş zaman aşağı çekmek ...
ben ... Saçınızın besleyici olarak Mart Lokumu ..
*
Bu yemek asla
veya ... sevgi dolu.
*
(düzeltilmemiş)
@ Luis Francisco Fontinha

traduzido para Turco por: Abdullah Bahadır

Me vou alicerçando à tua voz e aos teus lábios...

foto de: A&M ART and Photos

Me vou alicerçando à tua voz que nunca ouvi
apaixonei-me loucamente pelas tuas palavras que nunca
que nunca li
nem pretendo ler...

Me vou contra o abismo metafórico da saudade
quando um punhal de silêncio se espeta no teu peito...
no teu peito em flor... que nunca saciou os meus dedos
como um pincel em modo de pausa... mergulhado num frasco com água suja
que se transforma em medo
os desenhos límpidos da manhã
comem a tua boca
que não conheço...
que nunca beijei
que não me apetece beijar...
porque não beijo pássaros
gaivotas e fantasmas de areia sobre a penumbra madrugada...

Me vou alicerçando à tua voz
e aos teus lábios...

Que nunca li

Que não pretendo ler
escrever
ou desenhar quando descer sobre ti a noite vestida de negro...
me vou... alimentando dos teus cabelos como Delícias do Mar...

Que nunca vou comer
ou... amar.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Poéticos e melódicos

foto de: A&M ART and Photos

Escrevi-te imensas vezes enquanto percebi a tua ausência, elas, as palavras que dormiam no papel perfumado, amontoavam-se sobre a mesa da sala de jantar, e quando chovia, da rua chegavam até nós pequenas migalhas de lágrimas, havia poéticos sons suspensos nas paredes encarnadas do velho apartamento da rua das flores, inventavas-me quando eu nunca existi para ti, ou em ti, ou dentro de ti,
Era um homem só, tu dormias incessantemente como se fosses o sono, e apenas em frente ao espelho do guarda-fato, confessavas que me amavas,
Amo-te meu querido,
Nunca acreditei nas nuvens, nem nas flores que davam o nome à rua onde habitávamos, nem nas palavras que ia deixando num pequeno post-it, tinhas nas olheiras os livros deixados na casa de Favarrel, dançavas quando te sentavas sobre o meu colo rochoso, imaginava-te como gaivota ensaiando voos na claridade do espelho da vaidade, vestias-te como um príncipe eterno de mãos canelares e braços adormecidos pelo vento desgovernado que regressava de ontem,
Amo-o,
Não sei o que foi o amor, perdi-te enquanto dormíamos num quarto de pensão inventado nas catacumbas do silêncio, ouviam-se os sons melódicos da menina de sorriso
(o mais lindo sorriso)
Chique e bela, como, amo-o, chique e bela como as ondas quadriculadas do mar que brincava no caderno de matemática, o sorriso engraçava-lhe as curvas crepusculares do corpo esculpido no desejo, sobre o pedestal do velho mar, uma língua de areia com sonhos de solidão desciam-lhe do cabelo camuflado por alguns poemas..., (o mais lindo sorriso), as imagens reflectiam-se-lhe nos seios de pétala branca, sobressaiam-lhe as sombras do soutien de papel que retirava e deixava simplesmente cair sobre as pequenas gotículas de suor, havíamos combinado resistir à tentação de sermos absorvidos pelo oceano..., levado, comido, nas ondas sem currículo, e mesmo assim, resistimos ao fantasma com olhos de cristal,
Amo-te meu querido,
Chique e bela, o sorriso... o mais brilhante do eterno desejo, amo-o, e da rua das flores, hoje, ela, o perfume, as gotículas de suor entre as ranhuras das pequenas pedras da calçada, ela é bela, ela é... e ele entre o primeiro
Amo-o,
E
E ela depois do segundo sorriso..., chique e bela, de sorriso semeado em lençóis de linho, havia uma estrela, bordada pelas mãos dele, enquanto, ela, ele, semeavam suspiros à janela da noite...
Amo-o, amo-a, desejando-os como telas clandestinas no cavalete de um pintor, louco, estrábico..., ele e ele, ela,
Amo-os,
Chique e bela, como todas as madrugadas dos teus olhos, poéticos e melódicos...

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Veneno

foto: A&M ART and Photos

salivas-me às gotículas meninas da árvore da tempestade
sabia-te mergulhada nas fantasias mistas dos vidros das portas ensonadas
como mentiras envenenadas
pelos fotões invisíveis da pele sílaba que rompem dos teus grossos lábios
de simples tiras finas de cascatas em vibração até terminarem no rio do desejo criança...
envenenas-me com o teu olhar mesmo sabendo eu que sou uma pedra
uma rocha mingua nua e contígua à claridade da cidade adormecida
e dos livros de chocolate adivinham-se-me tentáculos de silício entre raízes nocturnas,

Ruas com cérebro de teias de aranha
“putas” descabidas nas profundidades da carne apodrecida
velhos rezando o terço enquanto uma flor se masturba nos infinitos versos sem sentido
porque diz-se hoje aquilo que amanhã deixa de existir
escrevem-se palavras vindo depois desdizer-se como não escritas
e os olhos testemunham os silêncios do pedestal
onde habitas como estátua
e choras porque hoje é sábado e todos as horas morrem depois da tarde entrar em ti,

Os teus orgasmos descem da lisa pele de uma imagem a preto-e-branco
como ontem dizias-me que a loucura entrava-nos depois de rolarmos calçada abaixo
e o Tejo abraçava-nos e o Tejo ouvia-nos na escuridão dos veleiros ensanguentados
a enrolarmos charros de areia e sentávamos-nos sobre as pernas de um vulto à procura
de pálpebras e corações apaixonados...
um petroleiro entrava em ti e de mim... e de mim fios de sémen suicidando-se
na árvore da insónia
como panos de chita à volta das tuas coxas de menina perdida no rio da noite...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

O veneno do amor

foto: A&M ART and Photos

Sentia-te nos meus pobres sonhos como uma andorinha
sabia-te dentro de um círculo de luz
sentindo-te camuflares-te a mim ente poemas e versos
palavras e conversas sem significado,,,,
encontrava-te nas veias a saliva da manhã
quando acordavas nos meus braços despedidos do ontem
amava-te pensava eu
sabendo que os úmeros são conversas de loucos
apaixonados por flores carnívoras em dente de marfim
adorava-te como adoro o sol a noite e os orgasmos dispersos como manhãs...
e tu nos meus braços
desaparecias como testemunhas de cadáveres envenenados pelo amor...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 12 de julho de 2013

e tu desapareces nas asas... do silêncio

foto: A&M ART and Photos

Silêncio
liberdade de ter
e não possuir

silêncio
quando acorda a solidão
e a triste insónia
mergulha
afável
nas tuas coxas de água salgada

silêncio
quando o teu corpo é pó
deambulando entre os crucifixos em madeira
e sorriem enquanto fazemos amor
e olhas-me como se eu fosse um pincel de areia
sem lábios nem pálpebras
quando semeadas na esfera do desejo
silêncio... que te vou amar

silêncio
liberdade de ter
e não possuir

silêncio
transformado em voo nocturno sobre os pássaros do teu púbis...
silêncio cansaço em trapézios de transversais seios dispersos no teu corpo
e da alvorada
nada
possuir-te nas mãos encardidas pelos beijos da tua sagrada boca
silêncio porque ao desejar-te
todos os vidros
estilhaçam
partem
em finas películas de dor
e tu desapareces nas asas... do silêncio

amor
pequenas palavras no equilíbrio da madrugada
há silêncio
não há louco ou louca ou pássaro...
apenas penugem e silêncio vento em teus cabelos cinzentos
amor... do silêncio

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Veda


(Tradução Turca do meu poema por Abdullah Bahadır)

bana hiç dönüşlerinde söz
beslenen bana kalpleri kum
göğsüne şiirsel guardavas ... o ve küçük yaprakları
bana söyledi her yılın sonunda ölen tüm takvimler
ve öper bu.

küçük buluşlar yetiştirilmiştir
kağıt kanatlı çocuklar vardı
ve gizli arka bahçelerinde oynayabilir
ve veda ...
Ben muz bir grup bir önlük oturma ... ile son kez gördüğümde
sorrias
ve geri dönmek için asla kendimi absented ,

Kendinizi çocuklarla dolu düşünün
bir parkta bankta
çocuklarınızın bir (varsa) biz ne yaparken ... ya da slayt yanında
biz ağlamaklı dudakları bir dizi asılı uçurtma hayal ...
ve tüm aşağı gitmesi bekleniyor ikindi bulutları

Eğer deniz Vestias
boyun gelgit bağları ... ile
desenhaste sabah ışığında bir öpücük ...
ve arzu sonsuz uyanış doğru sola
uykuya düştü
ve şimdi sürekli ... Eski ahşap kasalar enkazı arasında da gölge deneyin ...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
foto: A&M ART and Photos........O amigo poeta, poesia bonita, eu sou a tradução turca.

Despedida

foto: A&M ART and Photos

Prometeste-me viagens sem regresso
alimentaste-me de corações de areia
e pequenas pétalas poéticas que guardavas junto ao peito...
dizias-me que todos os calendários morriam no final de cada ano
e que os beijos
eram pequenas invenções dos crescidos
éramos crianças com asas de papel
e brincávamos em quintais clandestinos
e quando da despedida...
vi-te pela última vez com um bibe sentada sobre um cacho de bananas...
sorrias
e eu me ausentava para nunca mais regressar,

Imagino-te recheada de filhos
num banco de jardim
ou junto ao escorrega enquanto uma das tuas crianças (se as tens) fazem o que fazíamos...
sonhávamos com papagaios de papel suspensos num cordel de lábios lacrimosos...
e esperávamos que descessem todas as nuvens dos finais de tarde,

Vestias-te de mar
com laços de maré ao pescoço...
desenhaste um beijo na luminosidade da manhã...
e parti em direcção ao infinito despertar dos desejos
adormeci
e hoje incessantemente... procuro a tua sombra entre os destroços dos velhos caixotes em madeira...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Os sonhos invisíveis das praias do abismo

foto: A&M ART and Photos

Acreditava que eras uma pedra polida vagueando entre silêncios e montanhas de desejo
descias as escadas em caracol até adormeceres sobre os lençóis de mar
onde se escondiam braços de amor e beijos desalojados
começavam as chuvas frias que encobriam a tua pele castanha
como cerejas dentro de uma boião perdido no centro de uma cidade,

Amavas-me loucamente como se amam as gaivotas e os ventos de Nortada
ouvíamos as luzes dos guindastes de aço a romperem os verdejantes jardins da Ajuda
e dormíamos enrolados na neblina do amanhecer
e ninguém nos Ajudava...
havíamos descoberto as pedras da calçada como se fossem cobertores cinzentos...

Havíamos descoberto os sonhos invisíveis das praias do abismo
como se fossem cigarros de brincar
em dedos fictícios alimentados por laços de papel...
havíamos... acreditava que eras a noite quando voavas sobre as velas de linho
dos veleiros em madeira e cansados sobre a mesa da sala...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 9 de julho de 2013

A cidade dos cães

foto: A&M ART and Photos

Solicitavas-me nos dias proibidos
escrevias o meu nome nas pedras ímpares da cidade dos cães
misturavas sílabas indefesas com folhas de laminado xisto
a preto-e-branco um rio pertencia a uma imagem adormecida no amanhecer sem relógios
solicitavas-me quando ainda todos lá de casa brincavam
sonhavam
acordados porque tinham sido picados com gotas de insónia
que o vento trazia do outro lado da planície,

Éramos putos governados por esqueletos de palha
conforme rangiam as vidraças dos corações de centeio
amávamos-nos entre árvores e pincéis mergulhados em tintas alimentadas com pequenas luas
que a alvorada deixava ficar debaixo da tenda do circo
corríamos de terra em terra
em busca do prazer carnal como cegonhas viciadas em jejuns de areia...
e corpos masculinos estampados nas paredes cinzentas do amor
que os pequenos cigarros iluminavam as noites envergonhadas dos lençóis imaginários,

Solicitavas-me do preto desejo que o teu espelho acorrentava
quando as tuas coxas eram o fim de mais um dia de transbordo e vãos de escada
que subíamos e aterrávamos num sótão com lentes de marfim e dentes de âncoras em correntes de doce chocolate
vivíamos o amor num círculo trigonométrico
entre senos e cossenos... depois das tangentes que os teus seios desenhavam no meu dorso de cristal...
um ângulo perdidamente apaixonado... voava em direcção ao mar
e a cidade dos cães escondia-se entre os cortinados das tuas coxas...
em pequenas açoitadas flores com olhos verdes que me beijavam quando entrava em nós a escuridão dos dedos testiculares da madrugada...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 8 de julho de 2013

As auras mãos de menina

foto: A&M ART and Photos

Vejo as faúlhas da parvalhice, sinto das auras mãos de menina, o doce perfume da mulher desiludida, com o marido, com os filhos, com os vizinhos, com os políticos..., comigo, com ele, ou com o amante, sinto-lhe a leveza vassalagem a transbordar a alegria de pálpebras negras, e empobrecidas, falta-lhe o amor, falta-lhe ser amada, desejada, possuída... sobre as toalhas vadias das tempestades de Agosto,
(assobiam os manifestantes contra a ausência de amor)
Crescem pétalas de amor como de lixo existe nas ruas, há muito amor, este ano, para dar, oferecer e vender, este ano tudo se oferece, e tudo é possível de concretizar, as auras de menina, o doce perfume da mulher acabada de o ser, finge ter um marido ausente, caminha pelas encostas cegas dos socalcos abandonados, imagina um rio feliz, imagina um homem a comandar esse rio, e apenas com um sorriso nos lábios, ele, ele desancora o casebre em ruínas, dissimuladas canções escritas em paredes de areia, velhas cortinas em janelas de madeira, tudo arde, e ele corre até entrar nos orgasmos clandestinos das eleições que se avizinham, alguns, precocemente, já ejacularam, outros, nem esse prazer chegaram a sentir, porque é assim a puta da vida, quando se quer, não se tem, às vezes, apostam no cavalo errado, por essa razão comecei a apostar em ratos de capoeira, são destros, astutos e sabem sempre o que fazer, alicerçam-se os caminhos até ao cimo das escadas com vista para as nuvens, e tudo se perderá como um simples grão de areia...
(assobiam os manifestantes contra a ausência de amor)
Vejo as faúlhas da parvalhice,
Como são as borboletas?
Têm pintinhas nas asas, meu amor,
Como as ondas silvestres dos Oceanos mergulhados em areia branca, uma voz de carneiro desaparece dos currais desabitados e com telhas em cerâmica pintadas de verde alface, oiço os orgasmos inconsequentes de alguns candidatos, e coitadas das mulheres que descem e sobem a montanha da vaidade, infelizes, tristes como as mãos do escultor, que tendo diante dele um pedaço de rocha, nada dali sairá até que desçam todas as estrelas dos céus onde se escondem os malabaristas do costume, e afins,
(não falo de política, porque me enoja a sobrevivência de alguns)
Ela amanhava uns cabelos curtos, castanhos e com alguns desenhos misturados com algumas frases inocentes, deitávamos-nos sobre uma lago de sémen e olhávamos os edifícios com braços longos e esguios, alguns deles, masturbam-se intelectualmente e sem se aperceberem, os edifícios, deslizam rua abaixo... até que o Tejo os apanha, os coloca no comboio para Cais do Sodré, e depois, nasce a manhã em nós, e depois...
Têm pintinhas nas asas, meu amor,
E depois crescem pétalas de amor como de lixo existe nas ruas, há muito amor, este ano, para dar, oferecer e vender, este ano tudo se oferece, e tudo é possível de concretizar, as auras de menina, o doce perfume da mulher acabada de o ser, finge ter um marido ausente, ama o amante, e tem raiva às flores amarelas,
Porquê?
Pergunto-me se seria possível viver sem ti, sem os teus carris, sem as tuas sombras, pergunto-me... e percebo, que há sempre uma esplanada de amor à nossa espera, sempre, como as chuvas depois do carregado céu com estrelas de papel, Porquê
Porquê o quê?
(não falo de política, porque me enoja a sobrevivência de alguns)
Porquê o quê?
… se a cidade é tão bela, se a cidade tem um coração de amêndoa e uma pétala poética e melódica... como as palavras dos Fingertips..., como os pinheiros de Carvalhais, como as algas na boca dos teus queridos peixes...
E amanhã
Porquê o quê?
E amanhã, logo pela manhã, serei odiado por alguns sobrevivente raivoso porque este texto existe e é meu...

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

O Castelo da Solidão

foto: A&M ART and Photos

Inventava cavernas na tua garganta
percorria as entranhas rochosas da tua pele de cogumelo acabado de nascer
via na tua língua as migalhas de incenso
trazidas pela insónia
inventava barcos no teu púbis como os desenhos das gaivotas sobre os teus seios de silêncio
ao cair a noite sobre o Castelo da Solidão,

Inventava um divã semi-nu em busca de corpos crucificados pelo suor da noite
e das pedras as encarnadas palavras copiando veias e artérias dentro do medo
vinha até nós a escuridão dos areais cinzentos com plumas adormecidas
vinhas-me do espelho e dizias que eu parecia uma lanterna poisada sobre um pedaço de espuma
que o teu nobre corpo degolava como sílabas num texto embriagado
pela minha triste mão,

Sabias-me a neblina quando palmilhava o teu corpo com os meus lábios
escrevia meros poemas em poucas palavras de argamassa orvalhada
sentia-me entre dedos e marés
como ventos ciclónicos depois de partir o último comboio para o Castelo da Solidão
puxava o último cigarro
e agarrando o último suspiro... cerrava os olhos até adormecer eternamente só... dentro do teu peito...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

domingo, 7 de julho de 2013

Se partires, partirás como sempre o desejaste, simples, simples demais...

foto: A&M ART and Photos

Percebia pela forma do teu corpo que eras construída de uma massa esponjosa, preenchidas as cavidades onde começaram a habitar borboletas, abelhas e flores anónimas, vieram os plátanos, o criador trouxe a luz e a noite, fez com que os plátanos se sentassem em frente ao mar, havia suspiros de vento aqui e além, pouca coisa, percebia pelos teus medos que pouco tempo permanecerias perto do meu jardim, porque da eira chegavam as abrasadoras palavras como brasas em insónia na lareira da casa de Favarrel, olhava-te nas poucas palavras que te escrevi
E
Pouca coisa, em três ou quatro linhas,
E depois vesti-me, saí de casa pensando que te encontraria sentada no colo dos plátanos, não era verdade, o meu sonho tinha-se destruído como acontece com as teias de aranha, quando alguém lhes toca, e desiludem-se os corpos mergulhados em fenol,
E,
E pouca coisa, em três ou quatro linhas, curtas e magras, despedi-me de ti...
Olhavas-me nas poucas palavras que me escreveste, percebia pela forma do teu corpo que seria o fim, uma anunciada despedida, e das esponjosas cavidades, inutilmente desejadas pelos desconhecidos novos habitas de ti, partiste sem dizer até amanhã,
Parti sem dizer nada, lançando-me do cimo do Inverno... até encontrar uma Primavera de claridade, até perceber pela forma do teu corpo..., que havia uma outra estrada paralela à que deixamos adormecer,
Hoje
E pouca coisa,
Hoje olho-te nas poucas palavras que pensava ter-te escrito e que dou-me conta, nunca o fiz
Porquê?
Coisa, pouca, quase nada, porque a morte se apressa, e a vida se esgota como pequenos silêncios nas mãos de uma flor, a morte vai levar-te, tal como a mim, e depois, encontrar-nos-emos entre o Jardim Doutor Matos Cordeiro e o infinito, fumaremos cigarros inventados e conversaremos de coisas banais, o relembrar de memórias, pequenas longas histórias, palavras deixadas cair nas minhas confidências que me ouvias... e falávamos, e fumávamos, e bebíamos..., se partires, partirás como sempre o desejaste, simples, simples demais,
Hoje,
Percebia pela forma do teu corpo que eras construída de uma massa esponjosa, preenchidas as cavidades onde começaram a habitar borboletas, abelhas e flores anónimas, vieram os plátanos, o criador trouxe a luz e a noite, fez com que os plátanos se sentassem em frente ao mar, havia suspiros de vento aqui e além, pouca coisa, percebia pelos teus medos que pouco tempo permanecerias perto do meu jardim, porque da eira chegavam as abrasadoras palavras como brasas em insónia na lareira da casa de Favarrel, olhava-te nas poucas palavras que te escrevi, e que ele sabia da tua existência,
Meu Deus, quantas noites ele passou a ouvir os meus lamentos, quantas noites vimos nascer o sol, e esperávamos o regresso do mar, que ainda hoje,
Porquê?
Porque a vida é assim, uns partem e regressam, outros partem sem nunca mais regressar..., e tu, e eu, um dia, viveremos entre um banco de jardim e o infinito amanhecer..., se partires, não deixes que te encerrem as janelas viradas para o mar, e nunca, nunca deixes de olhar as rochas... e os barcos de papel como gaivotas a virem comer nas tuas mãos.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

E uma mão escreve na parede dos teus lábios as canções desesperadas

foto: A&M ART and Photos

Submergem de ti os pequenos silêncios da alvorada
abres as pálpebras embebidas nas lágrimas da insónia
mergulhas em mim como um arbusto suicidado no rio do desassossego
sinto-te fervilhar como uma gaivota em cio
sobrevoando os socalcos imaginários da encosta montanha
e da tua boca
os pequenos gemidos
latidos contra o muro em betão que separa o cais do amor da sulfurosa água da fonte velha,

Oiço-o como se vivessem em ti os braços espetados no dorso magoado da árvore do desejo
e depois da janela partida os vidros esperam a chegada do vento
e uma mão escreve na parede dos teus lábios as canções desesperadas
dores inventadas no teu coração,

Submergem de ti os pequenos barcos do louco marinheiro...
e as ondas púrpuras que os teus olhos alimentam
descem do corpo cerâmico... como as tempestades de areia
nuvens de chocolate...
ventos desconformes
assim como o divã onde nos deitávamos
depois de poisar o Sol sobre as tuas canelares flores de papel...
assim como um orgasmo supérfluo no esqueleto nocturno do extinto Luar.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Porque és a noite à procura do desejo

foto: A&M ART and Photos

Porque és a noite
ofereço-te todas as minhas forças
dou-te os meus braços
desenho-me nos teus seios
porque és a noite
invento-me nos teus lábios
e saboreio a tua doce boca de cereja adormecida...
porque és a noite
saio de mim
do meu corpo
e voo... voo como um milhafre à procura do desejo
que se esconde no mar.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha