quinta-feira, 18 de abril de 2024

Ainda ontem

Ainda ontem era um rio

Hoje é um fio

Ainda ontem era o frio

Hoje é cio

 

Ainda ontem era uma flor

Hoje é amor

Amanhã será dor…

E depois será poema sem valor

 

Ainda ontem era o mar

Hoje é apenas um pequeno olhar

Nos lábios do luar

Porque ainda ontem era amar

 

(Francisco – 18/04/2024)

Amigos que nunca se esquecem

 

Amigos, tive-os e tenho-os… Muito poucos

o que dizer

que falavas, falavas e que nunca mais te calavas, que só falavas e não deixavas

os outros falar

que às vezes para fazeres um charro

demoravas

duas horas

e não te calavas

e falavas

 

Mas eu gostava de ti

muito

 

(Francisco – 18/04/2024)



 Começo a chegar a esta fase... 

Tristeza

Só perceberás o que é a tristeza

Quando regressas a casa

E a casa vazia

Só.

 

Ninguém à tua espera

Quando ainda ontem alguém te esperava

Quando ainda ontem

Alguém alegrava o teu dia.

 

Só perceberás o que é a tristeza

Quando encontrares a casa vazia

Só e fria

Tão só como o dia.

 

(Francisco – 18/04/2024)

Imagina o luar

Dá-me a tua mão, imagina o luar descendo a montanha, imagina, imagina

o cais aprisionado a meia dúzia de barcos,

todos de mão dada.

Imagina o rio correndo por entre as lajes na busca de um cansaço, imagina, imagina

o silêncio das árvores, nos teus lábios

 

Imagina o sol em passeio nos teus olhos, escondendo-se do tristonho poeta

imagina as flores nas tuas mãos, imagina o teu corpo em movimento circular uniformemente variado (se não sabes o que é, deixa lá, não interessa)

imagina as ardósias a brincarem às escondidas, umas escondem-se no teu cabelo, outras, outras encodem-se no teu peito

invisíveis à madrugada

 

Dá-me a tua mão, imagina os meus lábios poisados nos teus lábios, como as palavras do poeta poisadas sobre a sebenta. Imagina

imagina a primeira lágrima da manhã a não querer ser mais a tua última lágrima da noite

imagina o teu coração, encerrado a sete chaves, no cofre teu peio, imagina

uma gaivota sobre o mar

imagina

em papel

 

Sobre o mar imagina

imagina que pegas na minha mão e me levas a ver o mar, imagina

eu ao teu lado

a ver o mar

se eu nem sei onde fica esse tal de mar, imagina

imagina, consegues imaginar

 

Dá-me a tua mão!

 

 

(Francisco – 18/04/2024)